domingo, 22 de março de 2009

Ludwig van Beethoven e a Sonata Op. 10 n. 3

Ludwig van Beethoven
1770-1827

Ludwig van Beethoven Nsceu em Bonn, 16 de dezembro de 1770 e faleceu em Viena, 26 de março de 1827. Compositor alemão, do período de transição entre o Classicismo (século XVIII) e o Romantismo (século XIX). É considerado um dos pilares da música ocidental, pelo incontestável desenvolvimento, tanto da linguagem, como do conteúdo musical demonstrado nas suas obras, permanecendo como um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos os tempos. “O resumo de sua obra é a liberdade,” observou o crítico alemão Paul Bekker (1882-1937), “a liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida.”




Curiosidade sobre
Ludwig van Beethoven
Devido à sua tez morena e cabelos muito negros, tratavam-no de "o espanhol".
Dentre seus problemas de saúde, ficou com o rosto marcado pela varílola.
Otto Maria Carpeaux, na sua obra Uma Nova História da Música, afirma que Ludwig assistiu à primeira apresentação pública da sua nona sinfonia ao lado de Umlauuf, que a regeu - como ficou registrado por Schindler e mais tarde por Grove -, mas abstraído na leitura da partitura, não pôde perceber que estava sendo ovacionado até que Umlauuf tocando no seu braço, voltou a sua atenção à sala, e então Beethoven inclinou-se diante do público que o aplaudia.
Hans von Bülow refere-se a Beethoven como um dos "três Bs da música" (os outros dois seriam Bach e Brahms), considerando as suas 32 sonatas para piano como o Novo Testamento da música.
Existem especulações históricas sobre um provável encontro entre Beethoven Mozart mas não existe nenhum facto histórico que possa comprovar esta hipótese. No entanto, existem histórias de seu encontro, como por exemplo, uma que refere um Mozart absorto no seu trabalho, na composição de Don Giovani, que não terá tido tempo de lhe prestar a devida atenção. Uma outra, bem mais interessante, relaciona, não só o seu encontro, como o seu envolvimento, ao qual se refere a seguinte frase:
"Não o percam de vista, um dia há-de dar que falar." Mozart sobre Beethoven


Sonata Op. 10 n. 3
Com essa sonata, Beethoven voltou a fórmula de quatro movimentos, sendo o primeiro rápido, o segundo lento, o terceiro uma dança e o quarto presto. Essa sonata também foi dedicada à condessa Browne, a "Condessa dos Op. 10". E traz uma energia contagiante do início ao fim. Nessa sonata, Beethoven deixa à mostra uma pequena parte do que viria ser mais tarde a sua linguagem revolucionária para o instrumento.



Presto: Primeiro movimento.
O primeiro movimento abre com oitavas ascendentes, numa abertura sem maiores introduções. Algo como - Cheguei, estou aqui! O primero tema segue com um jogo de piano-forte entre as seções. O segundo tema apresenta a já tradicional melodia na mão direita e o acompanhamento na esquerda. Modulação para Lá maior, e uma pré-indicação do que seria mais tarde a Waldstein lá pelo compasso 55. O movimento é longo, assim como a sonata. As principais dificuldades aqui estão nas oitavas constantes , nos acordes quebrados (movimento de rotação do pulso é fundamental) e na atenção em não correr demais. O movimento é presto, mas se for executado muito rápido, perde toda a tensão rítmica, que é essencial. O final da Exposição funciona como uma ponte para a repetição da mesma ou para o desenvolvimento. Em outras palavras, não se percebe onde a seção acaba. O primeiro movimento é cheio de nuances, com partes rápidas e energéticas, partes como se fosse um coral e até um pouco de sonoridades "impressionistas" no final.


Largo e maesto: Segundo movimento.
O segundo movimento (Largo e Mesto) tem uma figura rítmica interessante. O movimento é em compasso composto (6/8 e traz acentos no primeiro, terceiro, quarto e sexto tempos. Aqui Beethoven também explora o seu talento em improvisação, modificando o tema melodicamente ao longo do movimento. Os acentos (fp) aparecem por todos os lados, e Beethoven chega até mesmo a colocar ffp, para acentuar ainda mais o efeito desejado. O final é bem "pastoral" com a música se diluindo até o ré no baixo.


Menuetto: Allegro: Terceiro movimento.
O terceiro movimento é um minueto com muitas síncopes, acentuando o ritmo característico da dança. No meio do minueto, Beethoven apresenta uma característica que ele próprio exploraria ao extremo em obras futuras: o trinado contínuo sobre uma melodia (ou fragmentos de melodia). Em suas últimas sonatas, Beethoven utiliza esse artifíicio do trinado continuo para criar uma atmosfera especial, assim como em muitas de suas cadências para concertos. O trio é fluido (como os trios anteriores) e explora a técnica das "três mãos" que falamos anteriormente. A dificuldade é exatamente criar a fluidez necessária ao movimento sem interromper a linha melódica.


Rondo:Allegro: Quarto movimento.
O final é muito interessante. Beethoven usa uma fórmula rítmica (usada mais tarde por Brahms em seu scherzo) no inicio, com três semicolcheias sendo que a segunda cai no primeiro tempo do compasso. O movimento é cheio de dificuldades técnicas, com escalas, arpejos, acordes quebrados (baixo alberti) entre outras coisas. Assim como no primeiro, o pianista que tocar esse movimento muito rápido vai cair no erro comum de escolher velocidade ao invés de tensão rítmica. Ao longo das páginas do último movimento, encontramos várias seções, várias partes, com idéias diferentes. O que é fácil para dividir e estudar, é difícil para tocar como um todo.

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