segunda-feira, 3 de maio de 2010

Para melhor compreender o concerto do dia 05/05/10 EMAC/UFG

A música para piano a quatro mãos

A música para piano a quatro mãos ocupa lugar de destaque no repertório camerístico de piano. Constitui-se em excelente motivação para pianistas e importante ferramenta pedagógica no ensino do piano. Porém, nem sempre este gênero tem sido suficientemente difundido e contemplado entre professores e intérpretes.
Publicações como “The Piano Duet” de Ernst Lubin , “Piano Duet Repertoire” de Cameron McGraw e “Music for the Piano” de James Friskin e Irwin Freundlich descrevem e comentam o imenso repertório para piano a quatro mãos desde Johann Christian Bach (1642-1703), passando pelas primeiras obras-primas desta literatura com as sonatas de Wolfang Amadeus Mozart (1756 – 1791), as obras didáticas de Joseph Haydn (1732-1809), o marco deste gênero, com o imenso e grandioso número de obras de Franz Schubert (1797-1828), ainda os românticos Robert Schumann (1810–1856), Felix Mendelssohn (1809-1847), Franz Liszt (1811-1886) Johannes Brahms (1833-1897), Antonin Dvorák (1841- 1904), Edvard Grieg (1843-1907); os russos Mikahail Glinka (1804-1857), Mily Balakirev (1837-1910), Peter Ilyich Tchaikovsky (1840-1893), Petrovich Mussorgsky (1839-1881), Segei Rachmaninov (1873-1943); com os compositores da escola francesa, Georges Bizet (1838-1875), Gabriel Fauré (1845-1924), Claude Debussy (1862-1918), Maurice Ravel (1875-1937); os músicos europeus do séc. XX, Ferrucio Busoni (1866-1924), Ottorino Respighi (1879-1936), Francis Poulenc (1899-1963), Paul Hindemith (1895-1963) e os norte-americanos Samuel Barber (1910-1981), Norman Dello Joio (1913), Vincent Percichetti (1915-1987).
Guias de repertório como os já citados, oferecem, em relação ao repertório internacional, bons subsídios aos professores, pesquisadores e intérpretes interessados na música para piano a quatro mãos.
É importante notar que, na passagem do séc. XVIII para o XIX surgiram as primeiras transcrições para piano a quatro mãos, que se tornaram o principal meio de divulgação da música sinfônica, música de câmara e outros gêneros, já que nesta época não havia outros meios de comunicação como o rádio e as gravações do séc. XX. O sucesso deste repertório foi tão grande que provocou um enorme número de transcrições de outras formas musicais como: oratórios, trechos de ópera, danças populares e todo tipo de obras dedicado tanto para amadores, visando a prática doméstica de música, como para pianistas profissionais, impulsionando os compositores a escrever peças originais para este gênero.
A relevância deste momento musical é muito bem relatada por Cameron McGraw no prefacio de seu trabalho sobre o repertório de piano a quatro mãos.

“O assombroso crescimento que teve a literatura de quatro mãos a fez tornar tão popular que acabou se constituindo numa instituição social da crescente classe média. [...] O dueto de piano é um caso único onde ocorre uma performance musical de duas pessoas, usando plenos recursos de um só instrumento, podendo executar com muita eficácia uma obra escrita originalmente ou especialmente arranjada para esta formação. Além disto, possui um repertório surpreendentemente abundante e de notável diversidade.”

No Brasil, considerando que a partir de meados do séc. XIX o piano se tornou o instrumento preferido da sociedade brasileira, com o desenvolvimento da prática domestica de música em saraus familiares, certamente também surgiram os duos de piano a quatro mãos e com eles um repertório de transcrições e obras originais de nossos compositores nacionais.
Material retirado da dissertação de Mestrado: Carneiro, Gyovana - “Momentos Brasileiros para Piano a Quatro Mãos”

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